O gás está muito caro. Russos exigem que parem de "perdoar dívidas de amigos"

No início de junho, a NI informou que o Ministério da Energia estava se preparando para aumentar os preços do gás para consumidores industriais em 10% duas vezes ao ano. E os consumidores industriais na Rússia não são apenas grandes fábricas e usinas, mas também empresas geradoras que fornecem aquecimento, água quente e eletricidade à população.

Mas, se acreditarmos em Vadim Dengin , membro do Comitê de Orçamento e Mercados Financeiros do Conselho da Federação (eles devem saber uma coisa ou duas sobre dinheiro), o aumento nos preços do gás não deve afetar as pessoas comuns.

— Em primeiro lugar, precisamos cuidar dos consumidores comuns. A introdução de coeficientes sazonais não deve levar a um aumento nas tarifas para a população. Talvez valha a pena elaborar medidas de apoio a grandes empresas e geradoras.

Talvez eles criem medidas de apoio, talvez não. De qualquer forma, é impossível fazer isso sem aumentar a pressão sobre as pessoas – dinheiro não surge do nada.

Infelizmente, o dinheiro grátis ainda não foi inventado. E mesmo que o chefe do Ministério das Finanças, Anton Siluanov, finja ser um grande mágico e comece a tirar da cartola, não coelhos, mas rublos, para esses subsídios, a população ainda pagará por isso com a inflação.

E o Conselho de Produtores de Energia, que reúne empresas geradoras, já alertou que o aquecimento e a eletricidade para a população ficarão muito mais caros por conta disso. A indexação para o consumidor final a partir de julho de 2026 será de 15 a 20%. Caso contrário, será necessário recusar o reparo das redes, o que causará acidentes e reduzirá a confiabilidade do fornecimento de calor.

As autoridades, a mando da Gazprom, iniciaram um jogo muito perigoso. Aumentar as tarifas de gás em 85 bilhões de rublos anualmente levará à necessidade de aumentar as tarifas de serviços públicos além do que está planejado atualmente.

O aumento recorde nos preços dos serviços públicos causou uma reação tempestuosa: os leitores do NI levantaram um tópico inesperado nos comentários do artigo anterior. As pessoas acreditam que outros países estão sendo simplesmente financiados às custas dos russos. Suas dívidas estão sendo perdoadas, enquanto cada vez mais se exige de seus próprios cidadãos. As autoridades deveriam pensar nisso.

Mas, antes de tudo, as pessoas acreditam que parte do dinheiro arrecadado pelos trabalhadores das concessionárias será simplesmente roubado.

Mas a desconfiança em relação às concessionárias de serviços públicos é apenas metade do problema. Os aumentos de preços estão prejudicando as avaliações do governo. Acontece que as notícias sobre a eletricidade gratuita para a Abkhazia, onde ela é usada por mineradores ilegais de criptomoedas, e o perdão da dívida de eletricidade de 25,3 bilhões de rublos do Tajiquistão não passaram despercebidas.

A falta de compreensão sobre o motivo pelo qual as autoridades estão dispostas a perdoar dívidas de todos ao seu redor, mas apenas aumentar os preços para a população, tornou-se o principal tópico de discussão.

As pessoas veem as razões para tal política na transição para o capitalismo ferroviário nos anos 90 do século passado e na privatização de tudo e de todos. Elas até se lembram das declarações de Anatoly Chubais .

Em última análise, tudo isso leva a consequências extremamente desagradáveis: o descontentamento com o atual governo cresce entre a população. E o axioma "o czar é bom, mas os boiardos são maus" não funciona mais. Agora, as ações do governo afetam negativamente a popularidade do presidente.

Enquanto todo esse descontentamento permanecer nos comentários emocionais, não há ameaça às autoridades. Mas se os parafusos forem apertados ainda mais e o dinheiro for retirado dos orçamentos familiares dos russos nesse ritmo, haverá mais pessoas insatisfeitas.

Devido ao aumento da taxa de reciclagem, o orçamento perderá 200 bilhões de rublos em 2025: a importação de carros será interrompida. Uma situação semelhante pode surgir com os serviços públicos se as pessoas não pagarem suas contas exorbitantes.